domingo

Antropofagia II


(...)

Sinto o meu gosto. Outro gosto assim não há de ter...
Explorar toda a variedade de alimentos como a fome é muita...
Uma boa oportunidade para provar dos sabores e dessabores de mim.
Me alimento de ato, e, ato são palavras delirantes...
Experimento minhas possibilidades, dou uma mordida
nas feridas... Fico maravilhado com meu gosto.

(...)                                                                                                               
André Luis Souza   22.11.2012

quarta-feira

A cor do verde

Ganhei um sinal verde
Não era um simbolo de liberdade
Nem um sinal de teste de maturidade
Nem tinha aroma de maça, nem de hortelã.

Me esverdiei, me esmerdiei,
Tento me limpar, mas vejo verde.
E nem é do verde dos meus olhos,
São malditos sinais silenciosos.

Tudo verde ultimamente está caindo,
Cadê o verde da esperança,
Que agora limita, que me esgueira.
Que aparece e tortura.

E eu vejo verde ali,
Próximo de mim, aquele sinal
Verde esse que me diz, não.
O sinal verde que maltrata,
Verde que não dá seiva
Que não fala e que não vê
Quanto verde estou,
E que verde não quero ficar.

Já joguei verde
E não colhi maduro,
Já joguei duro,
E o sinal continua verde.
Não quero seguir pra outros sinais verdes.
Não quero um verde azedo,
Quero um verde que foi doce e fácil.
Quero um verde de verdade,
Quero um verde, verdinho pra mim.
Quero que o verde adote o azul
Com amarelo, e se torne um verde e mais comum.

Mesmo que me maltrate,
Eu desejo que seja verde por recalque
Por imaginar o que seria
Que por verde que me guia
Que não me surpreenda sem alarde.
Que eu não espere, e siga com o sinal verde.

Espero não estar verde demais,
Nem esverdiar mais,
Pois tudo que eu faço
É manter que esse verde
Não avermelhe-se
Jamais.

Everton Ferreira

O vento, a brisa e a reza

Eu rezo, que leve a brisa
Que leve o vento
Que o passe o tempo
Que pra que eu reze

Eu rezo, pra que o vento leve
A leve brisa que rezo
A reza que me leva
Que me volta na brisa leve.

Eu rezo pra que minha reza
Não seja mais uma reza pagã,
Nem louca nem sã,
Nem esotérica nem ébria.

E que o vento seja minha reza
Silenciosa e velha,
Que seja brisa,
Que me eu não veja e que não me visa.

Espero que seja brisa,
Que caia e paire,
Que pare e fica,
Que passe e eu não sinta.

Queria que tu fosse brisa,
Que como o vento,
Poder eu não te via,
Sentir eu não sentia,
Que rezar, eu não entendo,
Que me faltar eu não queria,
Que nem estar assim queria,
Se fosse pra assim ser
Eu nem queria,
Me cortaria como o vento,
Me queimaria com a brisa
Acreditaria como a reza.


Everton Ferreira (14-11-12)

domingo

TRANSERECS

Eu que sempre vou quando chamam
Que sempre dou quando solicitado o braço
Não tenho moeda pra barganha
Me perco com esses olhares
A insatisfação do descontentamento certo
Me impede de seguir em frente
Me plastifico e nego
Esquivando o olhar rapidamente

Amuri Amaral 01/05/2012

segunda-feira

Obrigado, só que não.


Obrigado por se fazer presente
Só que não,
Não tenha dúvidas,
Pois é ironia pura.

Obrigado por não me fazer cozinhar
E nem exitar em beber,
Ainda meu estomago embrulha
Agradeço em plena segunda,
Obrigado, meio embriagado...

Irei.
Deixar de caminhar no forte sol
Esquecer minhas senhas, e hei...
Largar de morte o velho cachecol

Obrigado por meu trabalho concluído
Preso pela presilha cor-de-rosa
Em  ralo, é peso e caído
Solto meu cabelo em tom de prosa
Lavo o rosto e vou embora

Obrigado de coração,
Por me dar a única certeza
Que até na mais sincera franqueza,
A certeza que existe é “só que não”.


Everton Ferreira

domingo

O doce e o amargo

Como em Vanilla, se diz:
"Que quem nunca provou do amargo, não sabe o gosto do doce"
Só que não!!!
Veja outra visão:

Amargure-se!
É enfeitar-se!
E vai ter quem te procure
Como cerveja nos bares.

Endoce-se!
É vestir-se da perversidade
E do nojo
Nada latente.
E endoide-se!

É que aqui no agro
É adequado pensar
Que quanto mais amargo for,
Faz o doce desejar.

Amargure-se
Mesmo sem perceber,
Surgirá endocicados
Enjoados por sua demasiada carência.

E como química, como magnetismo, 
Desejo ou destino,
Se grudam, afim de necessitar
O amargo amargurar o doce
E o doce endocicar o amargo.

E quando isso acontece
Olha que bosta feita,
O amargo se perdeu em doçuras, por ter conhecido o sabor do doce,
E o doce, se amargou. Se tornando irreconhecível pelo seu dom cativante.

Sem pudor,
Estes corpos mutaram-se
E nunca mais abrirão mão da doçura um do outro,
O doce por recalque da docidade irreconhecível se enraivurecerá em amargor
E o amargo, não abrirá mão [e quer mais] da doçura entregue por seu antigo estado de demasia...

...Amarguridade.

Everton Ferreira



quinta-feira

Balançar e fazer balanço


Se a vida é de ciclos
Agora é o ciclo do balanço
Natural que fique balançado
Ponha os pesos na balança.

Se a balança tem pesos desiguais
Ou você está leve
Ou pesado demais
Ademais, releve

Não construa planos infalíveis
Não aposte demais
As coisas invisíveis
Pesam demais.

Não use certeza,
Nada demais
Não ache moleza,
Mas procure o peso do mais.

Seja mais!
Confie no seu destino,
Nas suas capacidades, mais
Seja a formiga ao invés do elefante.

No mesmo espaço, a formiga
Tem mais arbítrio
E o elefante fica apertado demais.
Cresça, mas não demais
Faça da formiga um titã,
Esperta e sagaz
Balance de vez e vã...

Mas nunca, jamais, nem pense e nem se arrependa de ter balançado demais!!!!

Só mais um pouco de poesia



Levo um pouco de poesia no meu palavrório...

(Em homenagem especial ao amigo Tom, que partilha da alma de escritor e me fez voltar a escrever)

Minhas ideias são geralmente duras, é o que se acha quando se enxerga a vida sem deixar de sentir. Sempre escrevi pra desafogar as ideias, desabafar com papel e caneta, todas as palavras presas na minha cabeça. Mas nem tudo é de fácil digestão, então dançm ela, aceite ou refute. No fim todo escritor, de enciclopédias ou de botequim, nada mais é do que alguém afim de dialogar com o mundo... Seja em estrofes e versos, parágrafos e linhas ou blocos binários.

Nesta jornada de celulose e tinta, somos nossos próprios Don Quixotes, criamos nossos próprios dragões do dia-a-dia, decidimos quando e como enfrentá-los, resgatamos nossa idealizada Dulcinéa nas costas de qualquer pangaré mal desenhado. E no fim das contas tal é a liberdade que se for de nossa vontade, decapitamos nossa amada e nos sentamos ao lado de nossos problemas numa taberna a beira da estrada, tendo por companhia apenas aqueles que resistiram até esta etapa da história.

E como toda história ela esta cheia de opiniões e mazelas do autor, nossas palavras marcadas no papel ou representadas vetorialmente na tela de um computador são nada mais do que o nosso vomito social, nossas verdades imaginarias e desvarios conscientes, por mais pesada que seja essa metáfora utilizada, também dizemos umas coisas bonitas pra que seja devidamente engolida e superada. Pois a história é como a vida, cada pequeno momento de felicidade nos faz esquecer anos de tormenta que levamos a alcança-lo.

Logo deixo aqui meu desabafo...

"Raros são aqueles que buscam
Conteúdo ao invés de estética
Pros que querem bonitos versinhos
Deixo aqui está vazia dialética"

Não escrevo tão bonito quanto Chico Buarque, não sou tão critico quanto Arnaldo Jabor... Mas penso mais Paco do que ninguém!

Via@ Paco Leiva